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Isolamento social obrigatório na Argentina: exemplo no combate ao Coronavírus

Para entender como a Argentina chegou a ser referencia no combate a Covid-19 (o novo coronavirus), é importante entender como os argentinos pensam suas vidas, o imediatismo e os planos para o futuro, como eles analisam e pensam suas próprias economias e relações sociais, assim podemos entender melhor o comportamento de todos diante dessa situação tão diferente. 

Os argentinos e argentinas já passaram por muitas crises, tendo a última mais grave em 2001, quando muitas pessoas passaram dificuldades muito grandes: a crise era tão absurda que saquearam supermercados, o presidente renunciou e o país ficou quase acéfalo, a miséria aumentou exponencialmente... o caos foi instalado no país, naquele momento. 

Depois desses tempos, em que limparam as contas bancárias de muitos, em que muitos perderam seus imóveis por ter muitas dívidas, todos os argentinos mudaram sua forma de ser, após ter passado por crises sucessivas em que perderam tudo, todos ressignificaram sua forma de viver.


Explico isso, para que seja mais fácil entender porque, aqui, todos passaram a reagir rapidamente a uma possível crise de dimensões exorbitantes e se dispuseram ao cumprimento de regras em preservação de si mesmo e do todo. 

Quando foi decretado o fechamento de tudo (isolamento social obrigatório), com somente farmácias e supermercados abertos, todos imediatamente, sem questionar, ficaram em casa.

O argentino e a argentina têm uma exigência muito grande em relação à presença do Estado na vida cotidiana e, nessa questão da Pandemia, o Estado apareceu em nossas vidas de forma tão real e até assustadora para mim, que não tive esse costume no Brasil.


Quando foi declarada a quarentena, todos começaram a se preparar para suportar um tempo longo de recessão, a sensação era de espera realmente. Espera de que isso passasse, como uma onda que nos toma, mas que já passa. Parecia normal isso. Isso de estar em casa pelo bem de todos, todos unidos! 

E, assim, comecei, efetivamente, meu primeiro dia da quarentena. Na sexta-feira, dia seguinte ao que foi decretado o isolamento absoluto, os argentinos continuavam comprando somente o essencial para passar aquela semana, para ter a manutenção básica e eu aprendi esse movimento de não desespero, de planejamento.  

Comecei a pensar em como me preparar para seguir essa organização quase orquestrada de união entre todos, de proteção mútua, de sentir a presença do Estado como um pai de todos. Foi assim que vi esse cartaz no elevador, ele materializava a energia que estava instalada, a "onda" que eu deveria seguir:


E tomada por esse sentimento, começamos a participar ativamente desse movimento lindo e decidimos usar nosso projetor que, antes usávamos para as palestras tão formais na empresa, para grupos enormes de pessoas, para simplesmente distribuir amor. Começamos a enviar mensagens desde nossa varanda e começamos a nos sentir mais parte desse movimento tão único e unificador:


Acho que o exemplo parte disso, dessa noção de todo imediatamente resgatada, causada por tantos acontecimentos passados. Me orgulho, de hoje, fazer parte desse país que ficou enorme, que soube se defender e se proteger. Me orgulho de também de me sentir exemplo.

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