A dor e a delícia de estudar medicina na Argentina

Bem, em primeiro lugar, quero pedir perdão a todos por desaparecer, mas preciso justificar com os estudos: são muitas informações em um tempo muito curto e ainda tenho que viver, então estudar, viver e manter um blog (kkkkkkkkk) é difícil, mas quero aclarar que vocês podem me escrever se tiverem qualquer dúvida, minha intenção é ajudar.

 

Volto ao blog esta semana por uma razão não muito simples e que me inquietou muito. Esta semana, recebi um email de um rapaz que me pedia a sua opinião sobre um blog que está sendo muito comentado no Brasil. Não o indico aqui porque necessito autorização e não tenho tempo de fazer isso (perdão!) e porque levo em consideração o pesos das informações postadas por lá!

Esta postagem é para colocar, mais uma vez, minha opinião sobre a sensação de frustração que muitos que vem para cá têm e a sensação de sucesso de poucos.

Vir para Buenos Aires é uma decisão que deve ser tomada com muita firmeza e se deve ter em mente a imensa flexibilidade que se exige quando mergulhamos em outros país/outra cultura. Por que? Porque tudo aqui é muito diferente, muito mesmo. E vir pensando que o diferente significa o mais fácil é o maior engano que se pode cometer. 

Aqui, a universidade é difícil sim, não existe vestibular, não, mas existem muitos obstáculos pelo caminho que podem fazer você desistir e, causado por eles, alguns desistem. A Universidad de Buenos Aires (UBA) é a melhor do país, sim, mas (como muitos pensam ao contrário) eles, os professores ou mestres, não querem e não vão facilitar as coisas pra ninguém (nem pros argentinos). Aqui, na Argentina, a UBA é conhecida pelo fato de tentar fazer com que você desista a cada segundo, testando sua força e desejo de seguir. O que eu digo sobre isso? Nada, é cultural e eu só respeito o que eles tem como método e sigo caminhando, tentando me adequar.

O idioma é, SIM, um obstáculo. Para quem pensa que o espanhol é "igual" ao português não parou para pensar ou analisar ou não teve a oportunidade de viajar para países sul-americanos de língua espanhola. Algumas fronteiras são imaginárias, sim, mas outras não. Somos brasileiros e temos outra cultura e uma das razões para que isso aconteça é o idioma (esta é uma das fronteiras invisíveis). Os textos científicos, a interpretação (e cito isso em posts anteriores), as fronteiras culturais são motivos pelos quais muitas pessoas não fazem amigos argentinos, se juntam com muitos brasileiros e mantem a rotina cultural de um país em outro. E se posso dizer algo difícil de fazer é isso: tentar manter toda uma cultura dentro de outra!!!

Viver em Buenos Aires tem sim suas super vantagens, eu amo viver aqui, amo o caminho que estou percorrendo e isso não significa que seja fácil, isso não é fácil. Mas estou firme na minha opção, estou disposta a terminar e seguir e assim vou. Meu limiar de frustração é altíssimo, não me deixo vencer assim tão fácil e o que tenho a dizer é que devemos considerar a história de vida desses outros que voltam, como lidam com seus sonhos, como lidam com a idéia de que iam ganhar na mega sena e o bilhete era falso. Eu descobri meu bilhete falso e transformei minha vida em um lugar de desapego e bondade.

Não sei, espero que os que querem vir, tomem em consideração o nível de frustração, mas que também aprendam a ser guerreiros, a se desprender de um consumismo (porque aqui a condição financeira é apertada), a entender que um sonho é mais que um apego a uma cultura pre-determinada em sua criação, a dedicar seu tempo descobrindo o outro, seja o outro país, a outra pessoa, a outra rua. Buenos Aires é como qualquer outro lugar do mundo, é um lugar diferente dos que estamos acostumados e isso vai nos trazer muuuuitas coisas, sejam elas boas ou más, sejam elas suportáveis ou não.

Tenha bondade para aceitar o novo (seja ele bom ou não, segundo o que você julga), para perdoar a você mesmo quando cheguem a decepcões.

Bom, não sei se deixei claro, mas essa é minha opinião!!!

Bjs.
Estou aqui para ajudar!
Hábraços!